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domingo, 8 de maio de 2011

Foram dois milhões de discos vendidos, numa trajetória relâmpago que durou cerca de um ano. Um fenômeno pop como há muito não se via no Brasil, e que foi violentamente interrompido por um acidente aéreo no dia 02 de março de 1996. Interrompido, mas não encerrado definitivamente. Visando conservar a memória desse atual trecho da história da cultura pop nacional, foi lançado o livro Mamonas Assassinas - O show deve continuar..., do escritor paulistano E. Chérri Filho.



A biografia da banda nascida em Guarulhos, São Paulo, foi planejada pelos familiares do vocalista Dinho, seus pais Célia e Hildebrando Alves, e pela editora Primeira Impressão. Chérri Filho foi incumbido de preparar o livro em dois meses, a tempo de entregá-lo para o lançamento no mesmo período do aniversário de Dinho, dia 05 de março (coincidentemente, também próximo à data da tragédia que o matou). O lançamento aconteceu no dia 07 de março passado, em Guarulhos, com direito a bandas covers, muitos fãs fantasiados, e familiares.
O escritor conta que, durante o processo de produção, chegou a passar 15h por dia diante do computador, pesquisando e escrevendo tudo sobre a vida da satírica banda de pop/rock. O resultado está em 176 páginas que narram toda a história do surgimento, auge e fim dos Mamonas. Chérri ficou por muito tempo em contato direto com os familiares do vocalista Dinho, colhendo depoimentos, histórias e detalhes pessoais sobre o grupo.
Os fãs e curiosos encontrarão histórias sobre a banda Utopia, que reuniu os membros originais do quinteto. Após a tentativa mal sucedida de tornar-se um novo Engenheiros do Hawai/Legião Urbana, o grupo acabou atingindo o sucesso com um estilo altamente próprio. Chamado jocosamente de "rock engraçadinho" pela imprensa, os Mamonas Assassinas abusavam de citações a outras bandas de rock, e letras com bastante escatologia e palavrões. O senso de humor infantil encantou, sobretudo, as crianças, maiores fãs da banda.
A abertura do livro, escrita por Lucimara Parisi, diretora de produção do programa Domingão do Faustão, resume um pouco da comoção causada pelos Mamonas, neste trecho: "As crianças no Brasil tinham sempre adoração pelas letras das músicas, sujeitas a objeções e fazendo paródias das letras originais. Eles gostavam muito das brincadeiras indecentes. Semelhantes aos Beavis e Butt-head nos Estados Unidos, qualquer coisa que divertisse as pessoas jovens era um jogo para a mídia. Para o desespero de muitos pais brasileiros, seus filhos eram os consumistas dos mais recentes lançamentos, com um apetite voraz.". Lucimara conhece Dinho desde a época do programa de rádio Balancê, que produzia com Fausto Silva.
A questão é: passados oito anos de seu desaparecimento, ainda há interesse pelos Mamonas Assassinas no Brasil? De acordo com Chérri, da parte dos ouvintes e consumidores de música pop, sim. Talvez nem tanto, da mídia. "O problema é que, a mesma imprensa que endeusava a banda, agora não liga mais para ela, acha que não dá mais retorno", reclama. Ele lembra que além do aniversário de morte do grupo, também houve a reabertura do processo sobre o caso do acidente, na justiça. "Ainda há fãs-clubes por todo o país, gente nova que descobre a música deles todo dia, e os reafirma como a grande banda pop nacional dos anos 90. O livro é uma forma de manter essa memória", conclui.
Uma trajetória de amizade e momentos marcantes da tv
Além do livro sobre a trajetória dos Mamonas Assassinas, o escritor Chérri Filho, 45, está com outra publicação de cunho biográfico no prelo: previsto para o final de maio, o livro que contará a história profissional de Fausto Silva e Lucimara Parisi promete dar o que falar. "Os dois estão super empolgados com esse trabalho", conta Chérri, que namora a diretora Lucimara há nove meses - passaram o carnaval em Natal.
O livro, ainda sem título, mostrará a carreira individual de Fausto e Lucimara, até o momento em que a dupla se conheceu em programas radiofônicos de esporte e humor, como o Balancê, da Excelsior. Será recheado por ilustrações e fotos da época. O destaque será a fase que engloba o programa cult Perdidos na Noite, que esteve no ar por 20 anos nas redes Gazeta, Record e, finalmente, Bandeirantes.
Perdidos não era engraçado apenas na frente das câmeras. Os casos de bastidores serão ressaltados com bom humor por Chérri, através de várias histórias e depoimentos. Entre eles, o autor cita o do sambista Zeca Pagodinho, que certa vez foi trazido diretamente do morro, embriagado, por Lucimara; ela teve que dar um banho nele, de roupa e tudo, momentos antes de entrar no palco, de tão bêbado que o cantor estava. "Lucimara empurrava perua com a equipe, marcava as pautas do orelhão, era uma dureza só", diverte-se.

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